Arvorada Chico Bento (Orlandeli)
O Ipê-amarelo ixiplodiu im fror... e o ar se encheu de ternura!
Orlandeli fez arte, ela entra pelos nossos olhos pelos tons pastéis delicadas, chega aos ouvidos com o sotaque único interiorano e se aloja no coração como uma lembrança doce. Nos assim ganhamos Arvorada, "um presente imbruiado num pedaço di tempo".
Pontos de conversa:
1) Ipês e floradas;
2) Avós e netos;
3) Vida e morte;
4) Vida e trabalho rural;
5) Folclore (saci, curupira, boitatá, lobisomem);
6) Medicina e doutor;
7) Envelhecer;
8) Magia;
9) Carpe diem;
10) Doença e saúde;
11) Promessas;
12) Luto e perda;
13) Morte infantil;
14) Medo;
15) Promessas;
16) Lições;
17) Memórias.
Dicas de mediação para quadrinhos:
Trouxemos aqui algumas dicas especiais para aqueles que querem fazer essa experiência de contar um a HQ, pegue um bloquinho:
1) Nos HQs é comum termos cenas de diálogos de dois - às vezes, até mais - personagens. Durante a contação deve ficar claro para as crianças o que cada personagem está dizendo, por isso:
a) Capriche a sua voz, difereciando bastante entre um personagem e outro;
b) Faça uso do material impresso e aponte para o personagem que você estiver fazendo a voz.
c) Esteja atento as marcações gráficas usadas pelo autor, muitas vezes o negrito, a pontuação ou a fonte maior indicam certas tonalidades a serem dadas pelo leitor!
2) Outra coisa que é comum acontecer nos HQs são grandes sequências de acontecimentos, contando trechos da história usando apenas imagens.
a) Para assegurar que os pequenos leitores estão acompanhando o que está acontecendo, peça para algum deles contar o que está acontecendo na sequências de cenas.
Dicas de mediação para esta obra:
1) Carpiche beeeem no seu sotaque sertanejo! <3 Desde os quadrinhos de Maurício de Souza, este é a marca do universo de Chico Bento!
2) O que as crianças conhecem de Chico Bento? Onde ele mora? Quem são seus amigos?
3) "Toda história carece di um lugar pra começá" (pág 7). Pergunte: onde essa história começa?
4) Sabemos que essa história será sobre um menino e uma anciã. Vó Dita chama seu neto, Chico Bento, para ver algo. (Págs 8 a 11).
a) O que ela quer que o seu neto veja?
b) Nas páginas 10 e 11, vemos um imenso ipê-amarelo florido! Aqui em Brasília, o aparecimento dos ipês dá uma cor especial na seca e anuncia que as chuvas logo vão vir, faz parte de nossa identidade de brasilense. Como é onde vocês moram? As crianças já viram um ipê? Qual sua cor de ipê favorito?
5) Chico fica num dilema... "Minha cabeça pede preu i pra casa, meu coração pede pra ficá..." e sua barriga... ROOONC! (págs 12 e 13).
a) O que a barriga de Chico disse para ele?
b) As crianças já ficaram em um dilema parecido? O que seu coração dizia? O que a cabeça dizia? E sua barriguinha?
6) Chico decide voltar para casa e deixar o ipê para dispois. Na manhã seguinte, ele corre para ir ver o ipê florido, mas algo aconteceu! (Págs 14 a 19). "Eu... num intendo..."
a) O que aconteceu com o ipê?
7) Chico não entende como um ipê que estava florido no dia anterior, está todo desflorido. A vó Dita lhe diz: "Esse é o insinamento que o ipê traiz pra gente".
a) Nas páginas seguintes (págs 21 a 23), vó Dita fala sobre a efemeridade das flores do ipê ao mesmo tempo que fala sobre a efemeridade da vida. Podemos perguntar aos nossos pequenos leitores : qual ensinamento o ipê traz para a gente? Tanto antes da vó Dita explicar (antecipando e o que as crianças já aprenderam com os ipês), tanto depois, para descobrir o que tocou as crianças nos ensinamentos de vó Dita.
b) Chico fez uma promessa a sua avó. Que promessa foi essa? Nossos pequenos leitores já fizeram alguma promessa a alguém? Conseguiram cumpri-la?
c) Depois desse dia, algo mudou na vida de Chico! (págs 24 a 27). O que será que mudou?
8) Encontramos Chico Bento pescando com seu amigo Zé Lelé, eles sempre vão para o mesmo lugar, mesmo que lá nunca pesquem nada.
a) Por que será que eles voltam para lá?
b) As crianças já pescaram? Como foi?
9) Chico descobre que já está no finalzinho de agosto e que logo o ipê tá doido pra exprodi em fror! Ele está decidido a cumprir sua promessa de não perder a florada. Chama sua avó para ir ver.... mas algo acontece com vó dita.
a) Vemos vó Dita cair. O que será que aconteceu? (pág 33).
10) O que vem a seguir é duro, mas uma cena que pode ser familiar aos pequenos leitores que acompanharam o processo de adoecimento de algum parente. (págs 34 a 37).
a) Chico é excluído da conversa sobre a saúde de vó Dita, como acontece com muitas crianças. Isso já aconteceu com os pequenos leitores?
b) Chico reflete e fica pensando "qui a vida era tar i quar o vento na roça. quando sopra di leve, traiz uma sensação boa. Uma brisa gostosa, qui acaricia o rosto da gente. Mais quando começa a soprá forte... o qui vem é o medo". Qual será o medo que o vento trouxe para Chico?
11) Entre as páginas 38 a 45, vemos Chico Bento se afastando de Zé Lelé e Rosinha, e em ambas às vezes é uma lembrança da vó que o faz voltar para seus amigos.
a) Diferencie bastante a lembrança de Chico com o presente da história, mas também indague as crianças para saber se elas conseguem relacionar o que avó Dita disse com a mudança do comportamento de Chico.
b) Nessas páginas vemos também que Chico não sente apenas medo, mas sentimentos como impotência, tristeza e raiva estão presentes. A história de Chico nos dá uma possibilidade de conversar com as crianças sobre o luto e histórias de perda.
12) O médico volta a casa de Chico e traz uma previsão nefasta "... tudo depende de como ela vai reagir esta noite". (Págs. 46 a 49). Novamente somos colocados em uma lembrança de Chico. Uma árvore que perde suas folhas está no centro da sua memória, e no canto da página há um berço de criança e o desespero de pais que perderam sua criança.
>> Deixo aqui meus suspiros e minhas lágrimas. Orlandeli, que obra de arte, meu irmão! :,( <<
a) Chico pede "Di novo, não". O que Chico não quer que aconteça de novo?
13) Nó na garganta, impotência, medo, esperança, fé, essas são algumas das convidadas na casa da família de Chico aquela noite (Págs 50 a 53), mais uma vez o pai de Chico o orienta a deixar vó Dita descansar, mas o menino desobedece seu pai e na surdina vai até o quarto de vó Dita.
a) Acontece que Chico e Vó Dita não estavam sozinhos, um lobisomem espreitava o quarto da avó. (Págs 54 a 59). Chico se esconde debaixo da cama da avó, mas junta coragem para sair de casa e proteger a vó Dita. Por que será que o lobisomem está atrás da vó de Chico?
b) Do lado de fora, Chico encontra seu porco (Torresmo) e o menino o olha com uma expressão curiosa. (Pág 61). Incentive as crianças a lerem a expressão facial do personagem.
14) "Torresmo, ocê é a sarvação da lavora!" (págs 62 a 65). Chico compartilha com Torresmo seu plano e o coloca em ação.
a) O que as crianças acham do plano de Chico?
b) O lobisomem segue Torresmo e Chico sente que seu plano deu certo, mas então sombras se projetam sobre o menino. "MEU PAI DO CÉU!". De quem serão essas sombras?
15) "Eita, qui disgraça poca é bobage! Tavam ali, bem na sua frente... o Saci... O Curupira!... I o Boitatá! I, pelo jeitão, também tavam atrás da vó do minino." (Págs 66 e 67).
a) O que será que eles querem com vó Dita?
b) Chico vira fera e defende sua avó com fúria (e um rastelo!), mas a valentia e a determinação do menino não consegue afastar as criaturas do quarto da vó Dita, Chico está desesperado, mas então algo muda (Págs 67 a 73). Chico vê o Saci, o lobisomem, o Curupira e o Boitatá ao redor da cama da avó. Incentive as crianças a lerem o clima afetivo da cena.
c) O lobisomem coloca uma flor de ipê sobre o colo de vó Dita e as criaturas parecem fazer algo antes de irem embora. (Págs 74 a 77). O que eles estão fazendo?
16) É o rosto sorridente de vó Dita que nos recebe nas página 78. As lentes de seus óculos refletem a copa florida do Ipê, e na cena seguinte vemos Chico empurrando sua avó numa cadeira de rodas. Juntos avó e neto, vêem o ipê frorido. Se delicie com a beleza do ipê e o calor de um abraço carinhoso.
a) O que nossos pequenos leitores costumam fazer com seus avós? Que lembranças tem deles.
17) A história está próxima do fim, e somos apresentados ao narrador dessa história. As crianças para quem ele contam a história correm em busca do ipê que tem na roça, sem querer perder nem um minuto. Uma menina antes de ir pergunta ao narrador: "Só uma coisa... E a promessa? O menino voltou a ver o ipê com a avó depois?".
a) Ele responde: "Ah, sim. Tá firme. Todo ano, ele vorta lá pra vê o ipê com a vozinha." Vemos a silhueta do homem sentar em uma pedra e tirar algo do bolso. O que será que ele pegou?
b) A identidade do narrador se revela quando vemos sua carteira com uma fotografia e um cartão de crédito. Quem era o narrador dessa história? Como Chico continua cumprindo a promessa que fez a avó?
E assim terminamos essa reportagem, nossos votos para que promessas como a de Chico sejam feitas e mantidas, que os ipês sejam contemplados... e que suas vidas sejam cheias memórias doces e floridas.