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Pato! Coelho! (Amy Krouse Rosenthal & Tom Lichtenheld)


Pato! Coelho! é nosso segundo livro na Intensiva Quack Quack. Assim como em Ter um patinho é útil, encontramos nesse livro um formato diferente. Curiosamente, ambos os livros promovem diferentes perspectivas sobre o mesmo objeto.

Duas pessoas topam com um animal e entram em um desacordo - este desacordo é esperado também entre os leitores - trata-se de um pato ou um coelho?

O livro então é um diálogo entre essas duas pessoas - e assim como o diálogo entre filósofos - a importância não está em quem conversa, mas sobre o que conversam. Mais do que uma discussão conceitual desses dois amigos, este livro é uma oportunidade para pensarmos o quanto o que acreditamos e inferimos é parte importante e que influencia muito nosso olhar. O livro é provocativo, fazendo pensar que as coisas nem sempre são tão óbvias e como as diferenças entre crenças, perspectivas e opiniões - inclusive conflitantes - podem somar.

Pontos de conversa:

1) Patos e coelhos;

2) Ilusão de ótica;

3) Perspectiva;

4) Diálogos;

5) Discussões e argumentos;

6) Natureza;

7) Acordo;

8) Crenças;

9) Fixação funcional*;

10) Metalinguagem;

11) Criatividade;

12) Ludwig Wittgenstein (Saiba mais nas nossas atividades sugeridas);

13) Paradoxos;

14) Empatia.

Dicas de mediação:

1) Comece pela capa e provoque as crianças. O que elas vêm na capa?

2) Na folha de rosto do livro, encontramos algumas nuvens com diversos formatos, alguns mais e outros menos nítidos, convide as criança a dizerem quais as formas das nuvens. Elas já brincaram disso? Alguma vez elas viram alguma coisa e alguém enxergou outra? Isso vai prepará-las para o livro.

3) Empostação de voz é um recurso muito importante para essa contação. O livro é um diálogo e quem fala não está identificado. Há aquele que fala à direita da página, e aquele que fala à esquerda, por isso, ao começar a contação deixe esses personagens bem diferenciados. É essencial que fique claro para as crianças que são duas partes em conflito. Um recurso que você pode usar é criar para você um personagem que falará a esquerda (por exemplo uma criança, menino, ansioso) e o personagem da direita (uma adolescente, menina, impaciente), isso fará você lembrar de entonar sua voz de forma diferente.

4) O livro por si só já é um diálogo, por isso entre as páginas iniciais (páginas 4 a 9), convide as crianças a tomarem partido de uma das partes.

5) Antes da página 10, convide as crianças a pensarem quais as diferenças entre um pato e um coelho e o que elas poderiam fazer para descobrir o que ele é realmente. Se elas estiverem travadas para isso, dê um modelo inicial, o que o pato come? Onde encontramos coelhos? Quais cores eles tem? Seu corpo é feito de quê? Que som ele faz? É importante despertar o espírito de investigação nas crianças, pois é isso que vai acontecer nas páginas seguintes.

6) Um dos momentos que identificamos como mais importante no livro acontece nas páginas 14 e 15, pois, ao ouvir o animal, as pessoas que discutem ouvem sons diferentes. Pergunte às crianças: como isso aconteceu? E investigue se isso já aconteceu com elas.

7) A discussão continua pelas páginas seguintes com argumentações sérias e consistentes de ambas as partes. Curiosamente, a ambiguidade continua.

a) Observe o movimento das crianças: alguma delas mudou de partido ao longo do livro?

b) As crianças já se viram em uma discussão igual a essa? Como foi?

8) Antes que o mistério seja solucionado, o pato-coelho desaparece (páginas 26 e 27). E algo muito engraçado acontece (páginas 28 e 29). Aqueles que achavam desde o início que era um pato, ficam com dúvida pensam que, afinal, poderia ser um coelho. E o mesmo acontece com aqueles que argumentaram o livro inteiro que era um coelho.

9) Na página seguinte, os próprios personagens colocam uma pergunta ao leitor "O que você quer fazer agora?" "Não sei. O que você quer fazer"? (Páginas 30 e 31). Incentive as crianças a inferirem como está a relação dos amigos.

10) Antes que a gente descubra o que eles vão fazer... nos deparamos com um tamanduá-brontossauro. E agora? =O

Era um pato ou um coelho? Talvez jamais saberemos, talvez você um coelho-pato ou um pato-coelho. Só espero que ele não esteja na Intensiva errada!

Dicas de atividades:

1) Mostre às crianças o desenho do filósofo Ludwig Wittgenstein que inspirou este livro. Entre o desenho dele e a ilustração do livro qual as crianças acham mais fácil de distinguir?

2) Por que não aproveitar este livro para mostrar às crianças outras ilusões, paradoxos e imagens impossíveis? Separamos uma lista de artistas que trabalham com esses conceitos visuais. Maurits Cornelis Escher e Rob Gonsalves podem ser contemplados nesse momento, incentive as crianças a mostrarem umas para as outras o que elas vêem de diferente na imagem. Incentive elas a argumentarem entre elas sobre por que elas vêem o que vêem - assim como fizeram no livro.

Notas:

* Fixação Funcional: Dificuldade ou obstáculo cognitivo que não permite o indivíduo a ampliar a compreensão ou a função de um objeto. Para saber mais: pesquise sobre o experimento de Karl Dunker, 1945 (Candle Problem / On Problem Solving).

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